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09/05/2013

Prêmio Prof. Mânlio Nápoli de Excelência Científica

Oferecido pela Associação Brasileira de Tornozelo e Pé para o melhor Tema Livre apresentado no Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia do Pé.

Menção honrosa –> Placa + R$ 2000,00

Prêmio recebido no último congresso da ABTPé, ocorrido em Fortaleza de 2 a 4 de maio de 2013.
Como Classificar as Lesões da Placa Plantar: Parâmetros de História e Exame Físico

Caio Nery, Fernanda Catena, Daniel Baunfeld, Tania Szjenfeld Mann

Objetivo: As lesões da Placa Plantar (PP) das articulações metatarsofalângicas (MTF) são causa frequente de dor e deformidades dos dedos menores. Apesar de sua frequência, estas lesões são subestimadas em número e importância clínica, especialmente em suas formas mais brandas. O objetivo desse estudo é relacionar e categorizar os parâmetros clínicos (história e exame físico) de forma a favorecer o diagnóstico e classificação destas lesões.

Material e método: De janeiro de 2009 a janeiro de 2012 foram avaliados 68 pacientes (49F – 72% e 19H – 28%) com idades variando de 40 a 78 anos (média de 61 anos) portadores de lesões das PP de 100 articulações MTF. Estes pacientes tiveram suas lesões classificadas de acordo com seu aspecto anatômico (ressonância magnética e artroscopia), segundo critérios de Coughlin et al (2011). Os dados clínicos foram catalogados retrospectivamente e avaliados estatisticamente (teste da razão de verossimilhanças), correlacionando a incidência de cada parâmetro ao respectivo grupo,  sendo estes: histórico de uso de saltos altos, trauma no esporte, presença de dor aguda no inicio dos sintomas e sensação de edema local. Ao exame físico, foi pesquisado sinal de Mulder, aumento de espaço interdigital, dor à palpação da cabeça metatársica correspondente e presença de apoio ao solo do dedo em ortostase. A instabilidade da MTF foi avaliada através da manobra de Hamilton-Thompson e graduada em G0= estável; GIa= instabilidade sutil; GIb= sub-luxação da falange proximal (FP) < 50% da altura cabeça do metatarso (MTT) correspondente, GII= sub-luxação da FP > 50%; GIII= MTF luxável e GIV= MTF luxada. A preensão dos dedos foi avaliada e graduada em 0= ausente, 1= diminuída, 2= normal. As deformidades na MTF foram avaliadas no plano axial (varo/valgo), frontal (supinação/pronação) e sagital (elevação) além das deformidades combinadas em "cross over".

Resultados: A presença de dor aguda foi proporcional à gravidade da lesão, exceto no grau IV (GIV<G0<GI<GII<GIII); a presença de aumento do espaço interdigital também foi proporcional à gravidade da lesão, com incidência de 100% nos pacientes com lesão GIV e 65% no  G0. A deformidade em valgo na MTF teve maior presença nos G0 e GI (39% e 34% respectivamente), estando ausente nos GIII. Já as deformidades em varo foram mais frequentes no GIIIA (89%) e GIIIB (100%) e menor incidência no GI (26%). As deformidades no plano frontal se apresentaram da seguinte maneira: pronação esteve presente somente no GIIIB (27%) e supinação apresenta-se com incidência proporcional à gravidade da lesão, estando ausente nos G0 e GI e presente em 76% no GIV. A incidência de elevação na MTF não teve significância quando comparados os grupos e a deformidade combinada ("cross over") apresentou-se com incidência menor para G0 (43%) e maior incidência no GIIIB (100%). O apoio do dedo ao solo foi encontrado nos G0 (51%) e GI (60%), estando praticamente ausente (0~5%) nos graus mais avançados. A manobra de instabilidade demonstrou as seguintes alterações: no G0 foi, no máximo Ib; nos GI e GII, a manobra foi positiva até graduação 2. No GIII, foi positiva até a intensidade 3 e no GIV, chegou até a intensidade 4. Todos estes resultados foram estatisticamente significantes (p<0,05). Para os demais parâmetros avaliados, não houve significância.

Discussão: Dentre os parâmetros estudados, a graduação da instabilidade e os desvios dos dedos nos planos frontal e axial foram os que apresentaram maior especificidade na determinação dos graus de lesão PP MTF.

Conclusão:  A utilização dos parâmetros clínicos estudados permite o diagnóstico seguro e auxilia na classificação das lesões das PP MTF.